As primeiras apresentações daquilo que hoje se considera como Fado Académico no Orfeão Universitário do Porto terão ocorrido de forma espaçada e residual desde a sua fundação em 1912, onde se tocaram fados nos espectáculos inaugurais, até meados dos anos 40. É a partir desta altura que definitivamente se consegue identificar um percurso praticamente ininterrupto de um Grupo de Fado Académico no Orfeão Universitário do Porto.

No primeiro Sarau do OUP, em 1948, ouviram-se fados e guitarradas de Coimbra, sendo os seus intérpretes considerados os pioneiros do movimento fadista no Orfeão. Aos poucos surgiu mais interesse no aprofundamento da interpretação do Fado de Coimbra. Mais guitarristas e solistas deram corpo a um grupo de excelência na cidade do Porto. Estavam lançadas as bases do grupo de Fado Académico mais antigo, em actividade, da cidade Invicta.

Não pode ser desprezada a influência dos intérpretes conimbricenses na evolução do Fado Académico na cidade do Porto. Alguns estudantes que passaram pelo Mondego vieram para a Invicta completar os seus estudos e traziam consigo a paixão pela interpretação do Fado. António Brojo, virtuoso e famoso guitarrista de Coimbra, veio precisamente ao Porto terminar os seus estudos e passou pelo grupo de fados e guitarradas do Orfeão Universitário do Porto.

Foi também pela mão do Grupo de Fado Académico do Orfeão Universitário do Porto que as Serenatas foram introduzidas no panorama estudantil portuense. A Monumental Serenata passou a ser um dos eventos de referência da cidade, tanto para estudantes, como para familiares e população em geral. O Grupo foi pioneiro e resistente, mesmo quando havia o receio de vestir capa e batina durante a grande Crise Académica. Mesmo vaiado, com a ameaça da polícia de choque e sob “fogo” de ovos e fruta podre, o Grupo de Fado Académico fez-se ouvir.

É inegável a importância simbólica e afectiva que o Grupo tem na Academia do Porto, a maior academia de Portugal. O Grupo de Fado Académico do Orfeão Universitário do Porto abre todas as Serenatas oficiais da Universidade do Porto e da Academia, seja na Recepção ao Caloiro ou na Monumental Serenata da Queima das Fitas.
No primeiro minuto do dia, à noite, de capas traçadas, ouvem-se as notas e acordes do “Indicativo dos Amores de Estudante”. É ao som do GFAOUP que milhares de estudantes traçam as capas pela primeira vez. É ao som do GFAOUP que milhares de estudantes se despedem da vida académica. É ao som do GFAOUP que milhares de estudantes recém-chegados ao Ensino Superior ouvem Fado Académico pela primeira vez.
Mas isto não acontece apenas na Academia do Porto já que o GFAOUP é frequentemente convidado para abrir Serenatas em várias cidades de Portugal.

Mantendo a tradição viva, o Grupo primou pela introdução de novos temas no cancioneiro do Fado Académico portuense. As gentis “Damas do Porto” (fado de composição de autor desconhecido gentilmente doada ao Grupo por António Rodrigues Salgado) ainda hoje são um marco presente em todas as serenatas e nas vozes de cavalheiros e donzelas da Invicta.

Muitas gerações deram o seu contributo para a evolução, qualidade musical e valores do Grupo. A ousadia de chegar sempre mais além sempre pautou a acção dos elementos que ao longo do tempo foram ingressando no projecto de Fado Académico do OUP.

Assim, no ano de 1993 foi editado o álbum “Fado Académico”, com onze faixas, entre as quais “Damas do Porto”, sendo a última um apontamento final com os “Amores de Estudante” interpretados em guitarra portuguesa e viola de Coimbra.

O GFAOUP procurou sempre alargar os seus horizontes e partilhar a sua música e cultura portuguesa no panorama internacional. O Grupo já se apresentou na Europa, África, América e Ásia, nomeadamente em Espanha, França, Suiça, Alemanha, Itália, Jugoslávia, Grécia, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Tunísia, Argentina, Brasil, Venezuela, Estados Unidos da América, Índia, China, Macau, Malásia, Tailândia. Em Portugal, o GFAOUP já efectuou actuações em todas as regiões, incluindo os arquipélagos de Madeira e Açores.

Cumpriu-se, em 2012, o centenário do Orfeão Universitário do Porto e do GFAOUP. São mais de cem anos de preservação e divulgação da cultura portuguesa, numa manifestação de paixão pela música e pela arte de bem representar a Universidade do Porto, a “Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta cidade do Porto” e o nosso país, em terras nacionais e além-fronteiras.